terça-feira, 3 de novembro de 2015

Livro: Ensaio 'Como Conversar com um Fascista' é antídoto para barbárie



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"Como Conversar com um Fascista", de Marcia Tiburi, é um antídoto contra a barbárie: "Vivemos em tempos fascistas, tempos em que há muitas práticas de morte, morte por descaso e assassinato, e pouca ou nenhuma reflexão sobre ela".
Professora de filosofia do Mackenzie, Tiburi diz que "não podemos fingir que nada está acontecendo": a democracia está ameaçada, é preciso reagir. Como? Dialogando, pois o "diálogo é a forma específica do ativismo filosófico".
A grande dificuldade, porém, reside aí: o fascista perdeu "a dimensão do diálogo". Autoritário, é incapaz de entabular uma comunicação verdadeira, pois apagou a dimensão do outro, afirma a autora.
Como diz Norberto Bobbio ("Direita e Esquerda"), a direita acredita que os indivíduos são essencialmente desiguais. Os fascistas vão além, pois consideram que essa desigualdade também deve reger a linguagem: os diferentes têm de ser silenciados.
Carlos Cecconello/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 20-05-2011, 12h00: A filósofa Marcia Tiburi posa para foto em sua casa, no bairro do Higienópolis, em São Paulo (SP). Ela irá lançar o livro "Olho de Vidro: A Televisão e o Estado de Exceção da Imagem". (Foto: Carlos Cecconello/Folhapress, 4950, MÔNICA BERGAMO)
A filósofa Marcia Tiburi posa para foto em sua casa, no bairro do Higienópolis, em São Paulo
Inspirada no pensador alemão Theodor Adorno, Tiburi argumenta que a violência nasce dos meios de comunicação de massa, sobretudo da TV. "Não nos enganemos, a televisão é uma experiência intelectual, uma experiência de conhecimento, só que empobrecida. A televisão opera com a nossa inveja".
Ora, "a inveja é um tipo de desejo impotente": "Ele olha para o invejado e se sente menor, daí sua raiva, o seu rancor... Ele não pode ser outra pessoa, ele não pode ser melhor do que é".
A TV prega o ódio todos os dias: "coisas estarrecedoras com alto teor performativo". Esse teatro autoritário é ridículo, mas eficaz. "Quem estudou a história do nazismo sabe das performances políticas bizarras de Hitler e seus apoiadores. Hitler parecia uma criança que, tendo crescido, continuava abusada e mimada como todo paranoico".
Como Conversar com um Fascista
Marcia Tiburi
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O fascismo se apoiaria nessa regressão coletiva: a rebelião contra a autoridade (2013) abriu caminho para a submissão ao autoritarismo (2015): "A personalidade autoritária não reconhece nada fora dela mesma... Nada pode ser contra seu modo de pensar, de sentir e de ver o mundo. O que o eu autoritário –e mimado– quer é impor-se como centro do mundo".
Contra o ódio, resta o diálogo: se ele "não alcançar sucesso na arte de conversar com um fascista, que possa nos afastar do fascismo em nossa própria autoconstrução".
COMO CONVERSAR COM UM FASCISTA 
AUTORA Marcia Tiburi
EDITORA Record
QUANTO R$ 42 (196 págs.)

Um comentário:

  1. "Como Conversar com um Fascista", de Marcia Tiburi, é um antídoto contra a barbárie: "Vivemos em tempos fascistas, tempos em que há muitas práticas de morte, morte por descaso e assassinato, e pouca ou nenhuma reflexão sobre ela".

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