terça-feira, 14 de julho de 2015

Os 23 pedidos de impeachment de Dilma

Por Altamiro Borges

O Jornal do Brasil fez um levantamento dos pedidos de impeachment da presidenta Dilma Rousseff já protocolados no Congresso Nacional. Ao todo, desde o início do seu primeiro mandato, já são 23. Destes, 17 foram arquivados por total inconsistência das solicitações, mas seis seguem tramitando no parlamento chefiado pela dupla Renan Calheiros e Eduardo Cunha. Alguns dos pedidos são risíveis, patéticos. "Dentre os que não foram aceitos, há três que querem a presidente fora de seu cargo por ela ter mostrado um vídeo do autor pelado na TV", descreve, irônica, a matéria postada no sábado (11).

Segundo o texto, "um cidadão abriu um processo em julho de 2012 e outros dois em 2013, no meses de outubro e novembro, oferecendo denúncia contra a presidente por crimes de responsabilidade. Ele acusa Dilma de violar sua privacidade, honra e imagem. Alexandre Ferraz de Moraes quer que seja decretada a perda do cargo de Dilma e sua inabilitação temporal para o exercício de função pública, sem prejuízo de procedimento penal competente, pelas infrações penais comuns. O processo diz que a presidente participou do programa Superpop, da Rede TV, em abril de 2011 e 'apresentou vídeo em que o denunciante estava no interior de sua residência sem roupas, e violou a privacidade, a honra e a imagem do denunciante'. 

Estes três pedidos e outros 14 foram sumariamente rejeitados, de tão ridículos que eram. Talvez não tivessem o mesmo destino se o lobista Eduardo Cunha, já chamado de "achacador" por seus pares, já estivesse no comando da Câmara Federal. Segundo o Jornal do Brasil, "a maioria dos processos que pedem o impeachment da presidente são abertos por cidadãos" – muitos deles, com certeza, instigados pelas campanhas de ódio e desinformação disseminadas pela mídia oposicionista. "Apenas uma das seis ações em processamento atualmente foi aberta por um político". O seu autor, também patético, é o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que acusa Dilma pela "destruição do Estado brasileiro".

"Outros processos pedem a saída da petista por motivos como má gestão administrativa, escândalos de corrupção, desrespeito à garantia dos direitos básicos e crime de responsabilidade pelos fatos apurados pela Polícia Federal na Operação Lava Jato", conclui a matéria do JB. Afora os "midiotas" – na já clássica definição de Luciano Martins Costa – e o fascista Jair Bolsonaro, nenhum partido da oposição ainda ingressou com o pedido de impeachment. Até os mais hidrófobos, como o senador Aloysio Nunes, vice do cambaleante Aécio Neves, sabem que este golpe não é um processo indolor. 

Em entrevista ao repórter Bernardo Mello Franco nesta terça-feira (14) na Folha, o tucano derrotado apontou algumas das razões da sua cautela. "No momento, não vejo base para o impeachment. Não se pode brincar com isso", afirmou. Ele também rejeitou as comparações entre Dilma e Fernando Collor, afastado em 1992. "Collor era um político sozinho, sem partido, e teve um comportamento pessoal chocante como presidente. Era um personagem burlesco no poder. Dilma tem respeitabilidade pessoal, tem um partido e tem o apoio de movimentos sociais".

O maior temor de Aloysio Nunes é de que o pedido de impeachment radicalize a situação política do país. "Esses processos demoram, geram tensionamentos. Pode haver um desdobramento dramático... O clima de radicalização é preocupante. O Lula vai tentar mobilizar esse pessoal, e a Dilma Rousseff dá a impressão de que não vai se render facilmente. Ela vai brigar, vai lutar pelo mandato". Diante deste risco, o senador tucano surpreendentemente pede cautela aos seus pares golpistas. Ao final do artigo, o jornalista lembra, sutilmente, que "o tucano foi apontado pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, delator da Lava Jato, como destinatário de dinheiro de caixa dois". A vida realmente é complicada!

Um comentário:

  1. Segundo o Jornal do Brasil, "a maioria dos processos que pedem o impeachment da presidente são abertos por cidadãos" – muitos deles, com certeza, instigados pelas campanhas de ódio e desinformação disseminadas pela mídia oposicionista. "Apenas uma das seis ações em

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