Em debate com sindicalistas, dirigente do PCdoB propõe frente ampla

Do Portal Vermelho 

O Sindicato dos Professores do estado de Minas Gerais, liderado pelo vereador de Belo Horizonte, Gilson Reis, realizou neste sábado (4) o seminário da diretoria. Na pauta, a campanha salarial da categoria, precedida de uma abordagem política sobre a conjuntura. Foi um rico debate, que contou com a presença do membro do Secretariado nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o jornalista José Reinaldo Carvalho.

O secretário nacional do PCdoB, José Reinaldo, e o presidente do Sinpro - MG, Gilson Reis

O dirigente comunista iniciou sua palestra destacando o papel do professorado na construção da Pátria Educadora, proclamada pela presidenta Dilma Rousseff em seu discurso de posse do segundo mandato. Para ele, os professores precisam ser valorizados e qualificados, reunir condições de preparar as crianças, adolescentes e jovens para a vida profissional e contribuir na formação da sua consciência como cidadãos.

Segundo Reinaldo, a situação internacional segue em essência caracterizada pela ofensiva do imperialismo estadunidense e seus aliados para assegurar e reforçar posições hegemônicas, cada vez mais em cheque pela existência de novos polos de poder econômico e político. Esta ofensiva realiza-se por meio de uma política intervencionista, militarista e belicista, que põe em risco a paz mundial, a segurança das nações e os direitos dos povos.

O dirigente comunista destacou a situação da Grécia como expressão da crise sistêmica do capitalismo e das políticas neoliberais e conservadoras da União Europeia, comandada pela Alemanha, políticas que são ruinosas para a soberania nacional e os direitos dos trabalhadores.

Reinaldo referiu-se também ao conflito na Ucrânia, que se insere no quadro dos intentos dos Estados Unidos e da União Europeia para isolar, cercar e ameaçar a Rússia; aos conflitos no Oriente Médio, onde essas potências apoiam o sionismo e monarquias árabes reacionárias para esmagar o povo palestino, derrotar a Síria e o Irã e controlar o Iraque.

Sobre a América Latina, o dirigente do PCdoB acentuou que continua em curso o ciclo político democrático e progressista iniciado em 1998 com a primeira eleição do comandante da revolução bolivariana, Hugo Chavez. O jornalista destacou as conquistas em mais de uma dezena de países que optaram pela eleição de presidentes progressistas. Do ponto de vista geopolítico, a região tornou-se um importante polo, como demonstra a existência da Celac – Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos. Entre os fatos positivos da conjuntura internacional, Reinaldo saudou o restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos, como mais uma vitória do povo cubano e de sua liderança revolucionária.

Situação emergencial no Brasil

O centro do debate foi a conjuntura nacional, caracterizada por José Reinaldo como instável e emergencial, repleta de ameaças à democracia, aos direitos dos trabalhadores e à soberania nacional.
Instalou-se no país, desde as últimas eleições presidenciais, em outubro do ano passado, uma intensa polarização política, na qual as forças conservadoras realizam brutal ofensiva para interromper o ciclo político inaugurado com a primeira eleição de Lula, em 2002 e que tem continuidade com a presidenta Dilma Rousseff.

O dirigente comunista advertiu que se formou uma ampla e poderosa coalizão de forças de que fazem parte o PSDB e seus partidos satélites, setores do Judiciário e Ministério Público, a maioria conservadora do Congresso Nacional, envolvendo importantes lideranças das duas casas legislativas e a mídia golpista, cujo objetivo é retornar ao poder custe o que custar, mesmo através do golpe. Faz parte dessa ofensiva a aplicação de uma agenda conservadora contra os direitos civis, a democracia, os direitos trabalhistas e a soberania nacional.

De acordo com a análise apresentada por Reinaldo, essa conjunção de forças é a expressão dos interesses políticos e econômicos do imperialismo e das classes dominantes retrógradas brasileiras, nomeadamente a grande burguesia monopolista-financeira.

Entre os problemas da atual situação política brasileira, Reinaldo advertiu para as fragilidades políticas e ideológicas do governo, das forças de esquerda e dos movimentos populares. Ao invés de enfrentar os problemas e apontar a perspectiva da resistência e luta por reformas estruturais democráticas, manifestam-se tendências a ceder espaço ao inimigo e conciliar com forças que defendem posições antagônicas e estão em plena ofensiva para derrubar o governo. Além disso, aparecem importantes divisões, a esquerda fragmenta-se e cria-se um ambiente de dispersão.

Nesse quadro, o secretário nacional do PCdoB considera que o ponto de partida da resistência é a defesa do mandato da presidenta da República, como aspecto fundamental da defesa da democracia, e a união de forças políticas e sociais – partidos, movimentos populares e personalidades - numa ampla frente de caráter democrático, patriótico e progressista, com uma plataforma mínima comum que considere como prioritárias as lutas pela democracia, a soberania nacional, os direitos dos trabalhadores e a realização das reformas.

É essencial, na opinião do dirigente, que os partidos de esquerda, entre eles o próprio PCdoB, se reforcem, superando debilidades políticas, ideológicas e orgânicas.

Da redação do Portal Vermelho