quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Netinho: O desenvolvimento econômico da periferia me fascina



Após dez anos de institucionalização da Secretaria Nacional de Promoção da Igualdade Racial, a cidade de São Paulo criou a pasta em nível municipal, logo nos primeiros dias do Governo Fernando Haddad.

Por Ana Flávia Marx, da Redação do Vermelho-SP.


 
 Netinho: "A secretaria sofre questionamento o tempo todo se, de fato, deveria sair do estágio de coordenadoria".

Em entrevista ao Vermelho-SP, o secretário municipal, Netinho de Paula, disse que “o desenvolvimento econômico da periferia é algo que lhe fascina”. Ele também se queixou que “a secretaria sofre questionamento o tempo todo se, de fato, deveria sair do estágio de coordenadoria”. Mesmo com os questionamentos o secretário está animado e diz que em 2014 é que a população poderá colher os frutos do primeiro ano da Secretaria.

A lei 10.639, que dispõe sobre o ensino da cultura afro-brasileira nas escolas, é a principal preocupação do secretário e de Haddad. 

“O Haddad tem como meta e principal objetivo da secretaria [inclusive estabelecido no Plano de Metas] a implantação da Lei 10.639 em sua totalidade. Isso não passa só por distribuição de material, mas por capacitação de diretores, gestores e de professores; distribuição de material para os alunos e um trabalho de maneira transversal, não só na educação, mas também na saúde, especialmente para tratar da questão da anemia falciforme, que é uma doença muito específica da população negra”, argumentou Netinho.

De acordo com o secretário o apoio de entidades como a Unegro (União de Negros pela Igualdade), Conen (Coordenação Nacional de Entidades Negra)s, a Fundação Escola de Sociologia e Política (FESPSP) e de artistas da cidade foram fundamentais para as ações da secretaria, que concentrou os trabalhos no diagnóstico da população negra paulistana, na realização da Conferência Municipal de Igualdade Racial e na estruturação da secretaria. A FESPSP auxiliou a secretaria na sistematização das propostas da Conferência Municipal da Igualdade Racial, que será apresentada em um livro temático.


A secretaria foi a primeira do governo Haddad a estabelecer um convênio de cooperação técnica com o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, no sentido de estruturar a secretaria.

“O Haddad sempre cita a secretaria com esse exemplo de arrecadação. Nós chegamos bem metidos, implantamos uma série de ações que a população paulistana vai colher agora, em 2014. Isso tudo com um orçamento muito pequeno e uma grande capacidade de trabalhar de maneira transversal”, exibiu o secretário.

Para o ex-cantor do grupo Negritude Junior, os índices evidenciam a necessidade da secretaria. “É alarmante a questão da juventude negra no município, da condição do trabalhador negro e da mulher negra. A gente acredita que esses dados, esses índices, as pesquisas comprovam o porquê que a secretaria deve existir e se consolidar no município e quem sabe, no estado de São Paulo”.

Entre as principais ações da secretaria, ele destaca a realização de um ato popular no dia 20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra – e diz que a secretaria tem que ganhar feições mais populares. “Não só por ser um artista, tenho tentado dar a dimensão popular da secretaria para a população e o resultado foram alguns eventos que nós fizemos em que participaram mais de 40 mil pessoas aqui no Vale do Anhangabaú. A população está preparada para receber os trabalhos que a secretaria tem para implantar”.

Pré-candidato à Câmara Federal 

Netinho deve deixar de ser secretário no final do mês de fevereiro para voltar para a Câmara Municipal de São Paulo e, então, a partir de junho, começará a batalhar por uma vaga no Congresso Nacional. A igualdade racial será uma das suas principais bandeiras. “Direta ou indiretamente eu sempre estive muito envolvido com essas questões raciais, não é a toa que eu participei de um grupo chamado Negritude e Junior”, afirma Netinho.

Além de atuar nessa questão, o comunista pretende atuar também nas áreas de juventude e cultura que, segundo ele, sempre fizeram parte do seu foco de trabalho. Além desses temas, os desenvolvimentos econômicos e sociais da periferia também estarão presentes em seus discursos.

“O desenvolvimento econômico da periferia é algo que me fascina, como por exemplo, fazer com que os empreendedores jovens e periféricos tenham acesso aos recursos, financiamento e a participação política”, apresenta de Paula.

Para Netinho o próximo passo é sistematizar todos esses temas em uma campanha que “dialogue não só com a periferia, mas principalmente com ela”.

“Pretendo ir à Câmara Federal para tratar desses problemas, porque o problema que a gente enfrenta aqui em São Paulo constitui um grande laboratório de questões que o estado sofre em termos de oportunidade na saúde, educação, no emprego e, particularmente, na questão racial. O preconceito que acontece aqui se multiplica pelo estado todo. E na Câmara eu quero ser uma voz que possa representar essas pessoas”, finalizou.


http://www.vermelho.org.br/sp/noticia.php?id_noticia=233872&id_secao=39

Um comentário:

  1. “O desenvolvimento econômico da periferia é algo que me fascina, como por exemplo, fazer com que os empreendedores jovens e periféricos tenham acesso aos recursos, financiamento e a participação política”, apresenta de Paula.

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