terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Nádia Campeão: uma visão da cidade de São Paulo


'Não basta se comportar bem; tem de realizar', diz vice-prefeita de SP

Do Blog Outro lado da Notícia

Da Folha de S. Paulo (golpista)
Faz seis dias que Nádia Campeão, 54, assumiu o primeiro cargo eletivo de sua vida, o de vice-prefeita da maior cidade do país. Filiada ao PC do B desde 1978 ("Nunca mudei de partido"), ela deve atuar, a pedido do prefeito Fernando Haddad (PT), como articuladora de ações que exijam esforços de várias secretarias. Essa gerência envolve eventos como a Copa de 2014 e a candidatura de São Paulo à Exposição Universal de 2020, a ser decidida no fim deste ano.
Nascida no interior paulista, Nádia se formou em engenharia agronômica em Piracicaba (SP) e passou os anos 1980 vivendo no interior do Maranhão. De volta, foi assessora parlamentar na capital e secretária de Esportes na gestão Marta Suplicy (PT).
Silvia Zamboni/Folhapress
A vice-prefeita Nádia Campeão, 54, no Pateo do Collegio
A vice-prefeita Nádia Campeão, 54, no Pateo do Colégio, região central
sãopaulo - De que assuntos vai tratar a vice-prefeita de São Paulo?
Nádia Campeão - Neste primeiro momento, em que estamos observando a floresta, o pedido do prefeito é que eu assuma a coordenação de ações intersecretariais, cuidando de assuntos como a Exposição Universal de 2020 e a Copa do Mundo.
Em que pé está?
Sobre a exposição, tive conversas com o ex-secretário de Relações Internacionais de Kassab e estou trabalhando nisso. Para a Copa, está em andamento o que é fundamental, o estádio. Com a tensão reduzida, temos de nos debruçar em como vamos receber o evento e o que dele poderá ser apreendido e compartilhado pela cidade. Estou me atualizando para que vejamos se é só continuar o trabalho ou se precisamos agregar esforços.
Qual é a origem do seu sobrenome?
Italiana. Era Campeone, mas quando meu avô veio cada um dos filhos ficou com um nome diferente. Tem o original Campeone, Campeón... Ao meu pai deram uma abrasileirada grande.
Você é de Rio Claro, no interior paulista. Como foi chegar a São Paulo aos 17 anos?
Vim para morar com a minha irmã mais velha na rua Teodoro Sampaio [em Pinheiros] por três meses, para estudar. Imagine uma menina criada numa família de classe média do interior chegando. Foi um choque cultural com a metrópole. Nesse período, me dediquei ao cursinho, estudava o dia todo, inclusive no fim de semana. Me dava até uma angústia, era tudo tão grande e eu enfiada num apartamentozinho.
Dá para comparar a estudante que chegou nos anos 1970 com a vice- prefeita de hoje?
A cidade tem muitos ângulos de visão, é como um caleidoscópio. Toda vez que você mexe, ele vai ficando diferente, embora seja o mesmo. Quando eu passo pela Teodoro, as coisas estão por ali, as lojas de instrumentos musicais, o restaurante Degas. Isso me traz a lembrança de como a cidade me acolheu naquela fase. Hoje estou bem mais íntima da cidade e com uma maturidade diferente, vejo outros ângulos. Mas acho que há coisas que são muito próprias de São Paulo que não mudaram.
Que tipo de coisas?
A sensação de ser um na multidão. Aqui dá para ter uma individualidade muito forte, mas ao mesmo tempo estar cercado de gente, de humanidade, de cultura por todos os lados. Não é como no interior, onde todo mundo sabe da vida de todo mundo. Isso me impressionou muito e continua me impressionando. Eu me divido no meio de uma multidão.
Você já é reconhecida quando sai para dar uma volta?
Não. Precisa ter uma visibilidade de mídia muito grande para ser conhecido em São Paulo. Se bem que depois da campanha já me reconhecem um pouco, fizeram reportagens. Mas a exposição dos vices é pequena, embora agora haja foto na urna eletrônica e tenham ocorrido debates entre os candidatos a vice.
Depois de chegar a São Paulo pela primeira vez, você passou 15 anos longe. No que esteve envolvida?
Estudei na Esalq-USP, em Piracicaba, que era o que eu queria. Quando me formei, fui trabalhar no interior do Maranhão e acabei ficando dez anos. Sempre fui ligada ao social e à questão do campo. Era uma realidade muito diferente da que eu tinha. Senti o que é o Brasil mesmo, as enormes carências. Até hoje tenho uma forte ligação afetiva com o Estado. É um povo extremamente simpático, alegre e criativo.
Por que decidiu voltar?
Já era presidente estadual do partido no Maranhão e voltei para cá em 1990 para trabalhar como assessora parlamentar da Câmara. Depois, fui assessora da nossa bancada na Assembleia. Tive uma ultrabreve passagem pelo Cambuci e depois me instalei em Perdizes. Vivo na mesma casa até hoje, um sobradinho que meu pai havia adquirido muitos anos antes, em uma vila da década de 1950 ou 60. As casas nem tinham garagem naquela época.
Então, você deve gostar do bairro.
É uma região bastante pressionada pela verticalização. As casas legais que havia rapidamente estão indo abaixo para dar lugar a prédios, o número de moradores só aumenta... Mas adoro o parque da Água Branca, é o quintal que a gente não tem. Se der, vou todos os dias, se não, pelo menos dia sim, dia não.
O que mudou em São Paulo no tempo em que você foi secretária de Esportes, entre 2001 e 2004?
Recuperamos os clubes municipais, reabrimos piscinas, criamos e entregamos os CEUs [Centros Educacionais Unificados]. Mas não fiz tudo o que queria.
Por exemplo, gostaria que o padrão dos clubes fosse perto do que é o dos Sescs, mas não havia verba. Outros projetos legais foram os Jogos da Cidade, que
uniram as subprefeituras, e o Recreio nas Férias. Também abrimos ainda mais a cidade para corridas de rua.
Como gostaria de ser lembrada pelos paulistanos?
Olha, nunca pensei nisso. O que mais me preocupa como vice-prefeita é ser uma pessoa que dê dignidade à representação que o eleitorado nos deu. É uma responsabilidade imensa estar à altura de São Paulo, tanto para realizar o que nos comprometemos a fazer como ter uma postura correta de trabalhar, de se dedicar e tratar a coisa pública com o maior rigor possível. Não basta se comportar bem, isso é básico. Você precisa realizar.
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