quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Curitiba, a classe média, o fascismo e a eleição atual



A classe média, o fascismo e a eleição atual
1 – São conhecidas as relações das classes médias com o fascismo e o nazismo. È conhecida também a razão principal de sua adesão a esses regimes extremistas: o medo das mudanças sociais produzidas pelos socialistas, comunistas e progressistas em geral. Lembro-me de uma passagem, creio que de Luta de Classe em França, onde Marx descreve o comportamento político da classe média diante de um episódio. Tratava-se de um processo revolucionário, onde por razões programáticas o movimento social contestava a propriedade privada. Foi um qüiproquó na classe média: inquilinos de pequenas barbearias, lojinhas e outros pequenos imóveis, ultra-explorados pelos seus senhorios e arruinados, saíam à rua em marcha em defesa da propriedade privada que eles não tinham. É irônico o gesto. Historicamente a classe média, todavia, tem oscilado para um lado e para outro na luta de classes, ora acompanha a burguesia, ora acompanha o proletariado. No Brasil recente, as classes médias acompanharam maciçamente o neoliberalismo de Fernando Henrique Cardoso e, num período seguinte, apoiaram Lula, seu governo e sua sucessora. A classe
média, apesar de todo bombardeio ideológico da Globo e do PIG, não participou dos movimentos golpistas tais como o “cansei”. O tal do cansei de corrupção foi várias vezes tentado e nunca mobilizou além de umas poucas madames da zona sul do Rio e umas bacanas em São Paulo. Apesar disso, a classe média é bem severa contra a corrupção. A classe média ficou impressionada com o episódio daquilo que ficou conhecido como “mensalão”, creio que em sua maioria apoiou a condenação da cúpula do PT e os demais condenados naquele processo. O ministro Joaquim Barbosa é apontado quase como herói e a Globo deitou e rolou durante esse processo. No entanto esse processo foi uma aberração jurídica, o STF transformou-se num tribunal de exceção, segundo o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos e outros tantos juristas. O tribunal condenou sem provas, apenas por deduções e indícios. Sem provas e com base numa teoria de origem fascista, ou melhor, cuja origem foi uma prática nazista, a tal da teoria do domínio do fato. Faz-se pressuposições, deduções e se condena. Os nazistas usaram tal teoria para condenar os opositores do regime. Pelo que entendi da História, posso dizer que o tribunal agiu como uma instituição fascista. Muitas coisas poderiam ser ditas sobre esse tribunal, tal como postergar o julgamento do Mensalão tucano, proteger o banqueiro Daniel Dantas, não julgar a privataria tucana etc. etc. etc. Registremos então que o tribunal agiu como se agia no fascismo. E qual foi o comportamento da classe média? A classe média aplaudiu o comportamento fascista, o julgamento e a condenação sem provas.
2 – Dito isso, vamos ao nosso pequeno mundo curitibano. Gustavo Fruet se orgulha de ter participado da CPI que serviu de base para que o Ministério Público formulasse a denúncia contra os acusados no “mensalão”. Gustavo participava com afinco da tentativa de incriminar Lula. A coisa não pegou em Lula, mas bem que se tentou condená-lo como mandante de tudo aquilo que se denunciava. Gustavo, Cachoeira, Demóstenes, Veja, Globo, Folha de São Paulo… todos tentando pegar o Lula. A classe média embarcou somente em parte nesse processo. Ficou contra a corrupção, queria a condenação da cúpula do PT, mas não incluiu Lula. O movimento “cansei”, no entanto, continuou minguado, a classe média não se misturou.
3 – O PT sempre teve várias facções, algumas delas até já debandaram e formaram outros partidos de esquerda. O PT de Curitiba conseguiu uma proeza. Conseguiu unificar o PT com a classe média conservadora, a mesma classe média que apoiou e apóia a atitude fascista do tribunal que condenou a cúpula do mesmo PT. A proeza de subordinar o PT progressista ao conservadorismo do Gustavo Fruet. Tudo porque a Gleisi quer ser governadora do estado. Ou seja, o PT local foi subordinado a um interesse esganado que Gleisi tem pelo poder. Assim, o PT curitibano levou o segmento progressista da classe média a apoiar o conservadorismo fascista daqueles que condenaram a cúpula do PT. Tudo porque a Gleisi, ex-classe média, quer ser governadora. Mudança com segurança é o lema do
Fruet, é a senha para o conservadorismo, é a chave para “mudar com segurança para nada mudar”. O PT abandonou a classe operária e o povão. Pergunto-me, como devem estar se sentindo os petistas progressistas?

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