terça-feira, 24 de abril de 2012

Os comunistas de antigamente



Aldo Rebelo tem cara de comunista de outros tempos. Foto: Agência Brasil
Não tive ainda nem o prazer, muito menos a honra de conhecer pessoalmente o ministro Aldo Rebelo. Mas uma  avaliação rápida da fiosionomia do personagem já diz quase tudo. Aldo Rebelo tem cara de comunista antigo.
Mas fica a dúvida: é Rebelo ou Rebello. Descobri que nem o Google consegue esclarecer. Mistura Aldo Rebelo com Aldo Rabello na mesma página…
Imaginem vocês. Eu ia sentar para escrever sobre as infelicidades que assolam a velhice. A maior delas, no caso dos jornalistas, sem dúvida, aquela ninharia que recebemos do INSS a título de aposentadoria.
No meio do caminho, uma idéia puxa a outra, eu pretendendo escrever sobre os velhos “comunas”, me ocorre o  Sebastião Nery.
Quando se trata de comunistas do passado o Nery fala com muito mais propriedade do que eu. Foi comunista, socialista, brizolista, e às vezes pode até ser confundido com petista, mas não é.
Nery é o típico anarcocomunista. Ou, para os mais exigentes, anarco-ex-comunista, se é que vocês me entendem. É um homem antidogmático por natureza. Mas  conheceu a turma da velha guarda toda. Trabalhou no jornal do partido e tinha uma admiração especial pelo Agildo Barata, pai do Agildinho Ribeiro, dos Barata Ribeiro, de tradicional cepa baiana.
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Agildo e Juraci Magalhães foram os chefes da Revolução de 1930 no Nordeste, a que conduziu Vargas ao  poder e , numa dessas ironias da política, Agildo Barata e outros líderes comunistas, à cadeia, em Fernando de Noronha. Ficou 10 anos preso e só foi solto, junto com Prestes, em 1945.
Justifico a minha simpatia pelos velhos comunas, não por ideologia. Em matéria de esquerda nunca passei de um socialistazinho utópico, sonhador. Mas os comunistas de então sempre me foram vendidos como verdadeiros monges, homens que queriam, de fato, construir um Brasil mais justo socialmente.
Eram, enfim,  o que eu sempre fui. Tínhamos os mesmos ideais, só que obedeciam ao Komintern.
Voltando ao Agildo Barata, ele chegou a ser tesoureiro-geral do “partidão”, mas vomitou (literalmente) na reunião quando se confirmaram os crimes de Stalin, em 1956. Nunca mais pôs os pés no partido.
No Rio, fundou um jornal (O Nacional) até que um dia volta à  Bahia para visitar o seu parceiro de 1930, o Juraci Magalhães.
Sebastião Nery participou do encontro, assistido também por uma repórter da Tribuna de Imprensa, do Rio, que estava em Salvador para entrevistá-lo. Nery apresentou a moça ao Agildo. Era uma gatíssima, loirinha linda.
Agildo, na época um garanhão de 55 anos,  encantou-se por ela, ela pelo Agildo. A moça saiu da Tribuna de Imprensa, veio trabalhar com o Agildo no O Nacional. E começou o namoro. Quando me contou essa história, Nery me advertiu: “O final é meio triste, mas é uma história linda, uma história de amor”.
Um belo dia, Agildo e a moça sairam para almoçar ali mesmo na rua Franklin Roosevelt, onde ficava o jornal. Comeram demais, o Agildo deve ter tomado umas caipirinhas, subiram até o sétimo andar e ai deu vontade de transar. Sozinhos na redação, no Rio, calor de 40 graus à sombra, uma feijoada…
Não deu outra. O Agildo começou a passar mal. Sentiu que estava tendo um derrame e disse à moça: Corre , chama o Samir, rápido.
Por coincidência o Samir era médico e tinha consultório no quarto andar do mesmo prédio doO Nacional. Ela corre, traz o Samir. Os dois levam o Agildo, já meio incosciente, até uma casa de saúde em Botafogo.
Na porta do carro, Agildo, desmaiado, abre um olho e  diz para o irmão: Samir, eu estou ficando com o lado esquerdo paralizado. Por favor favor, passa o meu pau pro lado direito.
Quando conta essa história, o Nery em geral comenta: Para você ver, a força do sexo!
Agildo Barata sobreviveu até 1968. Como sequela, apenas puxava de uma perna.
E a moça, eu quis saber: A moça? Nunca mais eu vi, responde Nery…

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