quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Netinho prefeito? Ele já tem planos para a cidade


O vereador José de Paula Neto, conhecido como Netinho de Paula, é pré-candidato à prefeitura paulistana nas eleições deste ano pelo PCdoB.

Cantor, compositor, apresentador de TV, político e criador de ações sociais em favor de crianças e adolescentes carentes, diz que, caso eleito prefeito de São Paulo, pretende dar mais poder às subprefeituras, incentivar a participação popular nas decisões do governo municipal e priorizar ações nas áreas social e ambiental, para que as políticas públicas possam melhorar a qualidade de vida dos pobres da capital. Leia a entrevista.
Diário do Comércio – O PCdoB tem disputado a prefeitura paulistana coligado com o PT. Por que decidiu ter candidato próprio na eleição deste ano?  
Netinho de Paula – O
PCdoB sempre viu nos candidatos apresentados pelo PT uma possibilidade de ganhar as eleições. Sou uma figura de expressão popular. Desde que me filiei à legenda, em 2008, mostrei-me disposto a concorrer em eleições majoritárias. O PCdoB considera legítima tanto essa minha aspiração quanto a atuação em pleitos com essas características. Tem-me dado apoio total. Nós e o PT sempre fomos partidos-irmãos. Mas à medida que procuramos autonomia, o que é comum e um direito de cada organização partidária, começamos a participar de eleições majoritárias com nomes próprios. No meu caso, disputei o Senado em 2010 e agora preparo-me para ser candidato a prefeito da capital. A disputa para o Senado foi uma experiência muito valiosa para mim. Perdi a eleição, mas fiquei em terceiro lugar na disputa. Mesmo perdendo, fui o negro mais bem votado da História do Brasil e da América Latina. Essa votação também anima o partido a aceitar minha candidatura à prefeitura da capital. 
DC – Quais críticas o senhor faz ao atual governo municipal? 
Netinho –  A crítica é feita desde o início do governo Kassab. Continuamos a fazê-la, mesmo sendo parte do governo. Diz respeito ao esvaziamento das subprefeituras, à falta de poder dos subprefeitos. Houve também um enfraquecimento da sociedade civil, já que os conselhos regionais da cidade, as organizações não governamentais e as entidades sociais perderam força. Enfim, houve redução da participação política popular. No governo da prefeita Marta Suplicy, entre 2000 e 2004, existiu um grande avanço em relação a essa participação. Nos governos do prefeito Kassab, entre 2006 e 2012, essa participação foi negligenciada. Por isso, a atuação da população e dos agentes políticos locais teve redução e perdeu influência. Ficaram quase sem canais para opinar e acompanhar a administração municipal. Essas são nossas principais críticas ao atual governo da cidade. 
DC – Caso seja candidato, o senhor buscará alianças com quais partidos?
Netinho – Não estamos fazendo uma escolha a dedo para encontrar aliados. Para nós, quem quiser contribuir com a evolução da cidade será aceito. Temos mantido conversas constantes com vários partidos. Entre eles, com o PT, que é nosso aliado histórico. Também estamos conversando com o Partido Social Cristão (o PSC), com o Partido da República Brasileira, com o Partido Trabalhista Brasileiro e com o PMDB. Para mim, vivemos um momento diferente nesta eleição à prefeitura. É dado valor ao novo, a nomes novos – como o Chalita, pelo PMDB; o Haddad, pelo PT; a Soninha, pelo PPS; o Russomano, pelo PRB. São nomes que aparecem bem nas pesquisas eleitorais divulgadas até o momento. Em nossas conversas, já temos um acordo, um pacto: vamos mudar a forma de fazer política, não vamos nos agredir, daremos valor ao diálogo, iremos nos respeitar, mesmo que sejamos adversários, e, com o passar do tempo, aquele que estiver mais bem posicionado nas pesquisas, vai ser o cabeça de chapa. Quem não estiver muito bem, e achar que pode compor uma aliança, cede. Esse é o jogo político.
DC – Se o senhor for o cabeça de chapa, com base em quais dados avalia que ganhará a eleição? 
Netinho – Acho que é a primeira vez que a cidade de São Paulo tem a chance de eleger um jovem paulistano de 41 anos, que cresceu usando transporte público e hospital público. Além disso, que entende os problemas da periferia de São Paulo e que busca uma qualidade melhor de vida para todos. Não só isso. O eleitorado da capital vai conhecer um candidato cuja visão não é a de tirar nada dos mais ricos, mas abrir mais espaço para que os mais pobres possam melhorar de vida e sentir prazer de morar na cidade. Não tenho dúvida de que é a primeira vez que o eleitor paulistano encontrará um candidato a prefeito legitimamente oriundo do gueto, da periferia, que entende os problemas da cidade porque os viveu na pele. Algumas pessoas costumam questionar a experiência e o conhecimento adquirido pelo candidato. Em primeiro lugar, respondo que a vivência é primordial. Depois, digo que hoje nós temos excelentes gestores em todos os setores de atividade, e esses profissionais podem ser contratados para trabalhar na gestão pública. Além disso, temos planos de governo prontos na internet. Esses planos foram feitos por entidades, cientistas e especialistas, com base em estatísticas e estudos relacionados à capital. São profundos e mostram, apontam quais são os problemas da cidade e como podem ser resolvidos. Enfim, minha diferença em relação aos outros candidatos é ter sentido na pele o que é desigualdade, o que ela provoca e como agir para superá-la. Isso me tornará um candidato competitivo. 
DC – O caso da queda do então ministro Orlando Silva poderá reaparecer e prejudicar a candidatura do senhor, se for o cabeça de chapa? 
Netinho – Espero que na campanha o debate tenha por base propostas para melhorar a vida do paulistano. Não vejo como esse assunto pode contribuir para o desenvolvimento da cidade. É preciso manter o debate em nível elevado. Para nós, tanto eu quanto o partido, a atitude do Orlando foi corretíssima. Não temos dúvida de que é inocente. Ele levou o caso para a Justiça, para provar que não fez nada de errado. O tempo dirá se perdemos um ministro que transformou o Esporte de ministério quase sem verba em uma das pastas mais cobiçadas da política brasileira. Ficará cada mais evidente que as denúncias contra o Orlando surgiram em um ano fundamental para a organização da Copa do Mundo. O povo não é bobo. As instabilidades que tentam criar no governo vêm em momento que precede eleições municipais muito importantes para o País.
A presidente Dilma Rousseff agiu de maneira correta. Aceitou a saída do Orlando Silva e indicou o Aldo Rebelo para o posto. O ministro Aldo também é extremamente capaz e é um grande marco moral do nosso partido. Precisamos muito dele e também do Orlando conosco. Aliás, adianto que o Orlando será o coordenador da minha campanha a prefeito.  
DC – O que é preciso mudar nos setores social
e ambiental na capital?
Netinho – A grande diferença do PCdoB em relação à atual administração é que o partido age de maneira política e sem nenhum tipo de emoção nas relações políticas. O prefeito Gilberto Kassab foi bem e conseguiu avanços em segurança, investimento em saúde, cumprimento das leis orçamentárias e arrecadação de taxas e impostos. O orçamento da cidade de São Paulo para 2012 é de R$ 38 bilhões. Portanto, não temos problema de falta de dinheiro. Nós temos problemas de prioridades. Uma das minhas prioridades para a cidade é o investimento em transporte público. O trânsito da capital só será desafogado se houver transporte público de qualidade. Na educação, outra prioridade será investir em toda escola que já estiver em funcionamento. Não vou construir novos Céus, mas reformar as escolas já existentes, fazendo com que se tornem o orgulho dos alunos, professores, funcionários e famílias dos estudantes. As melhorias físicas e de conteúdo para os alunos vão estar presentes no meu programa de governo dentro do que chamamos de Escola da Família. O aluno vai estudar, e o local estará aberto tanto a ele quanto a sua família. Outro problema é que houve um corte significativo em verbas para investimentos em áreas de risco com moradias. Outra prioridade da nossa candidatura é investir mais nessas áreas.
DC – E o ambiente?
Netinho – É outra das nossas prioridades. Um dia desses, tive uma reunião longa com o Oded Grajew, presidente do Movimento Nossa São Paulo. Esse movimento tem um programa voltado ao meio ambiente e de defesa da sustentabilidade de altíssimo nível. Envolve várias atividades e tem por base estudos científicos. As ações do programa têm metas e prazos para serem cumpridos e alcançados. As propostas desse programa podem ser postas em prática de acordo com o orçamento e as leis da cidade. Aborda as questões e propõe mudanças de forma coesa e ampla, abrangendo o centro e a periferia da cidade. Esse equilíbrio para mim é fundamental. Por isso, esse programa será nosso guia na questão ambiental e da sustentabilidade, caso a gente ganhe a eleição. Também será nossa prioridade restabelecer a participação política popular em todos os bairros e periferias da cidade, além de garantir mais poder aos subprefeitos, para que atuem de forma mais integrada e mais democrática com todos os agentes políticos dos locais onde se encontram. Estes são meus compromissos.
www.blogdocarlosmaia.blogspot.com   Carlos Maia

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